MANIFESTO UNIVERSITÁRIO PELA VIDA - POR UMA POLÍTICA SÉRIA DE ENFRENTAMENTO DO COVID-19

MANIFESTO UNIVERSITÁRIO PELA VIDA - POR UMA POLÍTICA SÉRIA DE ENFRENTAMENTO DO COVID-19
A importância deste abaixo-assinado
O Povo Brasileiro tem sofrido muito ao longo deste último ano, tanto as dores advindas do adoecimento, como da angústia pela morte de conhecidos, amigos e parentes diretos num ambiente de terror, que envolve medo, sensação de desamparo, ampliados pela falta da vivência do luto compartilhado entre amigos e familiares devido às normas sanitárias.
Para os que já vivem em condições de maior fragilidade sócio-econômica, a realidade do desemprego, de ausências de políticas de proteção social e a sombra da fome aumentam com as incertezas sinalizadas diariamente pelos noticiários.
Em todo este tempo, assistimos, por parte do Presidente da República e de todo seu grupo de governo, atitudes absolutamente incompreensíveis, inaceitáveis, desacreditando todos os preceitos e recomendações de base científica, disseminando crenças e posturas maléficas e de risco para este momento crítico.
As manifestações de descaso com este sofrimento e as mortes dos cidadãos brasileiros traduziram, desde sempre, um comportamento incompatível com os deveres cívicos do primeiro mandatário.
Faltou ética ao atual Governo Federal, que deixou o povo desassistido e ainda manifestou seu desprezo pela vida dos brasileiros.
Ele não trabalhou um momento sequer para planejar e efetivar um conjunto de ações adequadas e necessárias para enfrentar o grande problema que se abateu aqui como em todo o mundo. Pior, na politização desenfreada para ganhar a narrativa criou ambiente de descrédito para ações de prevenção e de minoração de danos.
Na investida contra a racionalidade científica obstruiu caminhos e desvalorizou a competência de instituições brasileiras que sempre demonstraram sua capacidade, inclusive reconhecida internacionalmente.
Por último, fez todas as manifestações inadequadas sobre a utilização das vacinas, sobretudo a chinesa.
Não proporcionou adequada aquisição de insumos para nossa produção no Brasil e nem disputou a tempo e de modo adequado aquisição internacional.
Em nenhum momento teve plano que envolvesse nosso parque industrial para produção de insumos básicos e agora nos vemos com baixo estoque até de seringas e agulhas.
Este governo fez o brasileiro sofrer e chorar. Não procurou evitar as mortes. Não teve uma palavra de solidariedade. Desumanizou o povo. Nenhum gesto foi de um líder que busca melhores caminhos e abrandamento da crise.
Faltando Governo Central, comando unido, os municípios se tornaram única instância de atitudes voltadas à vida. Muitas vezes aí predominou a ignorância, o jogo de poder cruel que criou a dicotomia vida versus economia, com enormes erros e insuficiências.
Na linha de frente, médicos e demais profissionais de saúde honraram e honram seus compromissos numa luta penosa que a eles atinge de modo intenso e muito desgastante.
Neste ambiente sem plano e comando emergiram situações de disseminação de crenças sem fundamentos, envolvendo uso de drogas para prevenção e tratamento, sem evidência científica, com anuência de entidades médicas com lideranças insuficientes e às vezes inteiramente capturadas pelo mundo oficial da má gestão.
O Judiciário exorbitou forçando adoção de kits de uso generalizado. Aos médicos da rede pública cresceram pressões e ameaças para indicação de tratamentos sem validade reconhecida, sem individualização, como se bastasse um termo de consentimento assinado pelo paciente para normalizar o que não deveria ser generalizado. E agora o presidente e seu ministro negam que propagandearam a farsa do kit, transferindo aos profissionais a responsabilidade completa da equivocada prescrição.
Dia a dia falas públicas do Presidente que descredenciam a imprensa séria e qualquer um que apresente uma visão diferente de seu governo, com expressões que não fazem jus ao mais alto mandatário da nação.
Com esta sensação pesada do abandono manifestamo-nos contra o Governo e exigimos imediatas providências, por quem é dever de ofício, que:
a)o governo chame profissionais competentes, entre os quadros regulares do ministério para tomar a dianteira no enfrentamento da pandemia;
b) mostre estatura digna para pactuar com a China insumos em quantidade, com a Índia aquisição de mais vacinas;
c) demonstre lisura no trato com a OMS para merecer intermediação em novas compras de vacinas no mercado internacional;
d) instaure comissão nacional para plano nacional de enfrentamento da pandemia e da vacinação;
e) erga ponte de entendimento adequado com nossas seculares instituições produtoras de vacinas— FIOCRUZ e Butantan;
f) construa plano de estímulo industrial na área saúde possibilitando independência e adequado atendimento ás nossas necessidades;
g) planeje o ano de 2021 todo no tocante aos cuidados estimulados e exigidos à população;
h) eleve substancialmente o financiamento do SUS;
i) mantenha auxílio emergencial nos próximos 12 meses, de modo adequado e organizado, evitando a fraude e as dificuldades operacionais;
j) demonstre plano específico de suporte e amparo adequado às comunidades indígenas;
k) retire de cena e da mídia qualquer valorização inadequada de drogas sem boa fundamentação científica e sem apoio formal da Sociedade Brasileira de Infectologia;
l) garanta financiamento público para Ciência Brasileira desenvolvida pelas já consolidadas instituições de ensino;
m) garanta a Autonomia Universitária;
Se nada disso for possível só resta o caminho do Impeachment deste governo!
Desejamos um rumo para o enfrentamento desta calamidade sanitária e econômica que vivemos. A experiência deverá mostrar a todos os brasileiros o valor do SUS e da Universidade Pública. Devemos defender a Saúde e a Educação Públicas bem como aprimorá-las.
A Vida tem de ser defendida e a Ciência tem como um dos seus maiores objetivos diminuir o sofrimento humano, não estando dissociada em nenhum momento do respeito à Vida.
Esta declaração pública será assinada por professores, técnicos e estudantes de agora e de sempre da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), e por todos que acreditam na UFU como instituição de interesse público.