Somos um povo de luta!

Somos muito mais do que pretos-velhos, mães de leite, mulatas e malandros! Somos, sim, tudo isso. Porém, os estereótipos não nos cabem mais! Somos reis e rainhas, príncipes e princesas, engenheiros, médicos, advogados, professores, artistas. Todos vindos de África, raptados de nossa terra de origem. Estamos aqui e continuamos vivos! Formamos esse país e esse povo.

Hoje, após 134 anos sem escravidão legal, um perverso projeto de país nos trouxe até aqui com a marginalização da população negra. Leis como: a Primeira Lei de Educação (1837), que proibia negros, escravizados ou libertos, de frequentar escolas públicas, deixando claro de quem era o país; a lei n° 601, chamada Lei de Terras (1850), uma grande articulação entre políticos, latifundiários e fazendeiros para que negros não pudessem ser proprietários de terras; a Lei dos Vadios e Capoeiras (1890) que, dois anos após a abolição, mandava para a cadeia negros que perambulavam pelas ruas, sem trabalho ou residência comprovada, bem como os que estivessem jogando ou portando objetos relativos à capoeira; e a Lei da Vadiagem (1941), uma reedição da Lei dos Vadios e Capoeiras. Sem contar a desgastante perseguição às nossas crenças – tendo como exemplo o acervo de objetos sagrados apreendidos entre 1889 e 1945, depositados no museu da polícia do RJ até 2020 – a desigualdade racial e o aterrorizante massacre que se abate sobre nossa juventude. 

Somos guerreiras e guerreiros da atualidade em um Quilombo dos Palmares globalizado. Ao mesmo tempo que nos traz a consciência das vivências do passado, nos cria a falsa sensação de pertencimento e liberdade. Precisamos unir forças, refundar espaços de discussão e de acolhimento e, sobretudo, ter representantes legítimos nos círculos de decisões efetivas nos níveis federal e estadual. Por isso, precisamos de leis que nos protejam deste projeto cruel de Brasil em que vivemos. Leis que sejam orientadas para o crescimento e o desenvolvimento de todos, sem exceção. Leis que possam diminuir essa desproporcional quantidade de negros que lotam as prisões sem julgamento justo, nessas verdadeiras senzalas modernas. Leis que garantam o pleno exercício da cidadania.

Convocamos, neste momento, Ventura Mina, Aqualtune, Ganga Zumba, Pacífico Licutã, Francisco Cidade, Manoel Faustino dos Santos, Dandara, Teresa de Benguela, João Malomi, Negro Cosme, Manoel Congo, Zumbi, dentre tantos outros que defenderam esse ideal ao longo da História. Precisamos de cada cidadão de origem negra que se sinta incomodado com a situação desigual como são tratados os assuntos relacionados ao povo preto, ou que seja simplesmente simpatizante à nossa causa, a fazer parte e a convocar os seus para esta luta. Escolher com rigor e carinho um representante que, além de negro, esteja totalmente comprometido com as nossas causas. Essa é a nossa arma mais potente neste próximo 2 de outubro de 2022.

Temos ainda um grande combate pela frente. Este combate que começou com nossos valorosos e corajosos ancestrais, se Oxalá assim nos permitir, nos conduzirá à vitória. Nós construímos este Estado e este país. Agora é o momento da reconstrução. Vamos lutar pela garantia de direitos elegendo Sérgio Lupper para Deputado Estadual no Rio de Janeiro, pelo Partido Verde. Vamos juntos rumo a uma sociedade mais fraterna e justa!

Axé!