Nós profissionais que atuam em organizações sociais de educação não-formal, trabalhamos diretamente com a atenção, defesa e proteção a pessoas em situações de risco pessoal. Atuamos, assim, na identificação das necessidades de pessoas em situação de vulnerabilidade, desenvolvendo atividades e ações, inclusive recebendo informações sobre violação de direitos e pedidos de ajuda de famílias atendidas, essas são algumas das nossas frentes. Enquanto profissionais dessas organizações, somos a voz da sociedade, estamos onde os governos não alcançam em prol do desenvolvimento humano, dos direitos sociais e,  hoje mais do que nunca, do direito à vida. 

Por sermos profissionais de organizações sem vínculos com equipamentos públicos, temos uma capacidade de resposta para o enfrentamento dos problemas sociais muito mais rápida do que instituições públicas. Assim, pedimos a vacinação desse grupo de profissionais, para que continuemos o atendimento a crianças, jovens e adultos em situação de vulnerabilidade, bem como apoiando seus familiares. 

Com a pandemia, nosso papel se torna ainda mais urgente, porque essas pessoas atendidas, em geral, têm apenas nós como seus únicos locais de acolhida, apoio e até mesmo garantia de certos direitos.

Muitos de nós trabalham com atendimento a crianças em situação de vulnerabilidade, porém, por falta de segurança por não estarmos vacinadas e vacinados, não estamos atendendo essas crianças que, frequentemente, acabam ficando em casa sozinhas, enquanto seus responsáveis precisam sair para trabalhar, e/ou essas crianças ainda ficam em casa sofrendo abusos.

Além disso, devido à pandemia, já se sabe que o número de crianças entre 6 e17 anos sem acesso à escola, hoje, está próximo ao que era há 20 anos atrás (UNICEF, 2021). Nesse contexto, nós profissionais de organizações sociais que atuamos na complementação escolar temos nosso papel ainda mais relevante no apoio a essas crianças e famílias, já desestruturadas por todas as mazelas trazidas ou pioradas com a pandemia.

Em 2020, com a primeira reabertura de instituições não-essenciais, o governo incluiu nossa categoria no primeiro grupo de trabalhadoras e trabalhadores que poderiam retornar presencialmente, com a oferta de atividades extracurriculares. Essa posição expressa o reconhecimento governamental da relevância do nosso papel no atendimento e apoio à população. Contudo, ainda não fomos mencionados em qualquer plano de imunização contra covid-19.

Destinamos nosso pedido às autoridades competentes por essa definição e inclusão de grupos prioritários ao plano de imunização. E reafirmamos que, quando assumimos nossa profissão, assumimos também um grande dever social: atender, proteger e defender as pessoas que mais precisam e, agora na pandemia, elas precisam com urgência e segurança.

Reafirmamos ainda e pedimos a garantia desse direito da universalização da vacina, considerando profissionais de organizações sociais para educação não-formal na lista de prioritários.

Ao sermos vacinadas e vacinados, poderemos exercer nossa função social com  mais segurança para nós e para as pessoas atendidas. Do contrário, essa população poderá ficar desassistida, pela não reabertura das instituições em que atuamos ou, se abertas, havendo atendimento, poderá provocar maior risco à saúde de todas as pessoas envolvidas, podendo tornar ainda mais complexa a situação das famílias atendidas.

Referências:

O Papel das ONGs na Educação Integral
Diário Oficial da Cidade de São Paulo de 26 de setembro de 2020

Cenário da Exclusão Escolar no Brasil - Um alerta sobre os impactos da pandemia da COVID-19 na Educação
A ONG e a Articulação com as Políticas Públicas

ONGs e Escolas: olhares que tecem uma educação integral

02 O que é a Educação Social? E o que é ser um Educador Social?