Apesar do alto volume de produção de bicicletas pelo pólo industrial de Manaus (em média 60.000 unidades por mês), desse total, apenas 5% da produção fica aqui no Estado do Amazonas. Esse é um indicador de que de fato, a bicicleta não representa o objeto de desejo da maioria de nossa população, em contramão disso, o poder público investe grande volume de recursos para fomentar cada vez mais o uso de veículos automotores, com implantação de complexos viários, ligações viárias, duplicações de rodovias, pontes, entre outras obras.

Não que esses investimentos não sejam necessários, mas que priorizados, poderão levar os corredores viários ao caos em médio prazo, sem que sejam estudadas alternativas de mobilidade urbana.

O movimento ciclístico em Manaus iniciou em meados de 2010, com a criação do Pedala Manaus, movimento esse que foi o precursor de diversos grupos de pedal que circulam em nossa cidade. Hoje estima-se que tenhamos em circulação 2.800 ciclistas, divididos entre os que se deslocam diariamente para ida e vinda do trabalho, ciclistas que participam de grupos de pedal e ciclistas de competição. Todos esses ciclistas tem que obrigatoriamente se deslocar pelo sistema viário, que não oferece infra estrutura adequada para que haja segurança.

Essa presença cada vez mais constante nas ruas aliada a falta de campanhas educativas, torna essa relação cada vez mais hostil, sendo que a parte mais frágil acaba sendo a mais penalizada. O resultado disso é que Manaus já contabiliza 28 ciclistas mortos desde 2013.

Mesmo com essa triste estatística, não se observa pelo poder público, o desejo de implantação de infraestrutura adequada aos ciclistas nem tampouco a realização de campanhas educativas para conscientização dos motoristas para a presença e necessidade de dividir os espaços viários com usuários de bicicleta.

O fato mais recente, envolveu um ciclista que utilizava a bicicleta como meio de lazer, pois era membro de um dos grupos de pedal que se reúne para pedalar pelas ruas da cidade, mas que também a utilizava como deslocamento para o seu trabalho, onde veio a ser atingido por um ônibus do Transporte coletivo que o levou a óbito alguns dias após o acidente.

Os ciclistas organizaram uma belíssima manifestação demonstrando claramente que necessitam de apoio, caso contrário cada um dele teme ser mais um nessa triste estatística, e mesmo assim não foi observada nenhuma providência do poder público para ouvir as reivindicações apresentadas pela comissão organizadora.

Como temos nobres amigos Advogados que também praticam esse esporte nas mais diversas modalidades, como competição e lazer, entendemos que é necessária a criação dessa comissão principalmente devido a falta de representatividade do esporte junto ao poder público, para que possamos atuar na fiscalização das ações tomadas por estes poderes.