Juristas Negras no Supremo Tribunal Federal
Juristas Negras no Supremo Tribunal Federal
A importância deste abaixo-assinado

O Brasil foi o último país do Ocidente a declarar abolida a escravidão e, mesmo 134 anos após o fim formal do regime escravocrata, a raça segue sendo o fator determinante das desigualdades. De escravizadas reprodutoras, mucamas e amas de leite a empregadas domésticas, nós, mulheres negras, permanecemos na base da pirâmide socioeconômica. Além disso, somos vítimas, com maior intensidade, de todas as formas de violência contra as mulheres, incluindo mortalidade materna, violência obstétrica, violência sexual, violência doméstica e familiar, além de feminicídios.
Para um Estado que se pretende Democrático de Direito, onde 56% da população se autodeclara negra, a ausência de mulheres negras nos espaços de poder e decisão é notória e vergonhosa. Essa realidade não é diferente no nosso sistema de justiça, cuja condescendência com a prática do racismo foi reconhecida pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, no Caso Simone Diniz (caso nº 12.001).
Em recente estudo realizado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ, 2021), Pesquisa sobre negros e negras no Poder Judiciário, revelou que pessoas negras representam apenas 12,8% da magistratura, embora a população negra seja de, pelo menos, 56%. A partir do recorte de raça e gênero conclui-se que, apesar de serem o maior grupo social do nosso país (28% do total da população), mulheres negras representam apenas 5% da magistratura brasileira. Considerando apenas as magistradas negras, tem-se os seguintes percentuais por cargo: 11,1% de ministras, 12,1% de desembargadoras, 11,2% de juízas titulares, 16,3% de juízas substitutas. Em 130 anos de criação do Supremo Tribunal Federal no Brasil, tivemos apenas três ministros negros - Pedro Lessa (1907 a 1921), Hermenegildo de Barros (1917 a 1931) e Joaquim Barbosa (2003-2014) - e três mulheres ministras - Ellen Gracie (2000-2011), Carmen Lúcia (desde 2006) e Rosa Weber (desde 2011). NUNCA em nossa história tivemos uma mulher negra como Ministra do Supremo Tribunal Federal, o que corrobora o modo como o racismo estrutural e institucional em conjunto com o sexismo produzem uma espécie de asfixia social para nós, mulheres negras!
A composição da Suprema Corte deveria refletir a diversidade presente na sociedade brasileira e já que, em 2023 estão previstas as aposentadorias de Ricardo Lewandowski e Rosa Weber, quem melhor do que uma mulher negra para ocupar uma dessas vagas e compor a alta corte do sistema de justiça brasileiro?
Nós, do Selo Juristas Negras, entendemos que é urgente que sejam designadas juristas negras – observando-se a diversidade regional e suas trajetórias antirracistas – para as próximas vagas de Ministras do Supremo Tribunal Federal, sem prejuízo de outros cargos de instâncias superiores governamentais.
Assine, compartilhe e apoie a nossa causa! Queremos que a mais alta corte do sistema de justiça brasileiro reflita de fato a nossa sociedade.
Assinam em apoio:
Selo Juristas Negras
ABAYOMI Juristas Negras