FARMACÊUTICAS E FARMACÊUTICOS COM LULA EM DEFESA DA DEMOCRACIA, DO SUS E DA AF

FARMACÊUTICAS E FARMACÊUTICOS COM LULA EM DEFESA DA DEMOCRACIA, DO SUS E DA AF
A importância deste abaixo-assinado
O direito à Saúde constitui uma das conquistas basilares para o exercício da cidadania pois, da mesma forma que outros direitos sociais, configura uma das condições para a plenitude de direitos fundamentais da pessoa humana, como o direito à liberdade, à igualdade e o direito à vida.
Para além de um imperativo constitucional que atribui responsabilidades ao estado e à sociedade pela promoção e proteção da vida e do bem-estar de todos, sua efetiva consecução encontra-se diretamente relacionada aos mais altos estágios de desenvolvimento humano, indicando o grau de justiça social experimentado no convívio societal.
Foi a partir do entendimento de que era preciso construir um novo sistema de saúde, público, universal e igualitário, e que esta construção só seria possível em um ambiente de liberdade democrática, que o movimento pela reforma sanitária mobilizou amplos setores da sociedade brasileira para a 8ª. Conferência Nacional de Saúde (CNS) em 1986, culminando com uma grande articulação durante a Assembleia Constituinte (entre 1987 a 1988), de modo que fosse contemplado na nossa Carta Magna o direito à saúde para todos, nos moldes de um estado democrático livre e soberano, que acolhesse e protegesse todos os seus cidadãos, prioritariamente os mais vulneráveis. Desta ideia nasceu o SUS, e lá se vão mais de três décadas de conquistas, de lutas e de resistências.
Nesse processo histórico se opuseram as forças do retrocesso ante os movimentos pela emancipação do povo. Os setores herdeiros da sociedade escravagista, mantenedores de uma estratificação social perversa que retroalimenta o racismo estrutural, os preconceitos de toda ordem, a exclusão e a iniquidade social, intentaram manter seus privilégios decorrentes da concentração de renda que gera desigualdades. Políticas chamadas de neoliberais buscaram “modernizar” o estado às custas da entrega para o rentismo do patrimônio público, dos nossos recursos naturais e da nossa infraestrutura; ao mesmo tempo que desinvestiam na educação, na saúde, na ciência e tecnologia, na segurança e na proteção social.
Ainda assim, conquistamos pelo voto o direito de sonhar com outra realidade. Mesmo em face das contradições de uma sociedade desigual, foi graças a governos estabelecidos na vigência da democracia, que lutamos e avançamos. Com a retomada da institucionalidade democrática e a estabilização econômica, a sociedade brasileira pôde escolher, por intermédio de eleições livres, um projeto político de governo voltado para o combate às desigualdades sociais e de forte apelo popular.
A partir de 2002, com a eleição de Luís Inácio Lula da Silva, o Brasil experimentou o ciclo mais virtuoso do seu desenvolvimento econômico e social. É preciso reconhecer, a despeito das suas limitações, contradições e problemas políticos, o maior legado que marca o período representado pelos governos de Lula (2003-2011) e Dilma Roussef (2011-2016): políticas e ações de governo que promoveram a inclusão de milhares de brasileiros e brasileiras, por intermédio de uma agenda social que buscou conciliar o crescimento econômico com o desenvolvimento e a equidade social.
Iniciativas como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do qual fez parte o Programa “Minha Casa Minha Vida” – responsável por garantir acesso à casa própria para mais de 14 milhões de brasileiros; o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), que entre outros estabeleceu o piso nacional do magistério e criou o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb); a ampliação do acesso ao ensino superior por meio do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), bem como a adoção de políticas afirmativas através do Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), demonstram a potência transformadora daquele legado.
Entre tantos programas, o maior impacto sem dúvida deve ser atribuído ao “Bolsa Família”, a política estratégica do Programa “Fome Zero”, que representou a maior ação governamental de transferência de renda da nossa história, chegando a atender mais de 12 milhões de famílias, e que contribuiu para a quase erradicação da extrema pobreza e tirou o Brasil do mapa da fome.
Na área da saúde não podemos deixar de citar ações como o Programa “Brasil Sorridente”, primeira iniciativa governamental de promoção da saúde bucal de caráter abrangente no país; o incentivo à Política de Saúde Mental e de reforma psiquiátrica com a implantação do Programa Anual de Reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar no SUS; a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher; o Projeto “Saúde e Prevenção nas Escolas” – ação programática inserida no Programa Nacional de DST/AIDS; a criação das unidades de pronto atendimento (UPA) e do SAMU, como parte da Política de Atenção às Urgências e Emergências; o Programa “Farmácia Popular”, assim como políticas voltadas a grupos específicos como de atenção à saúde do trabalhador, do Idoso, da população negra e quilombola, da população LGBTQIAPN+, dos povos indígenas, dos assentados, das pessoas em situação de rua, entre outras ações.
Para nós, que sempre defendemos a adoção de medidas que garantissem o acesso da população à saúde, é fundamental que um governo de reconstrução das pautas democráticas e sociais avance para mais do que o resgate dessas políticas públicas exitosas.
A situação de emergência sanitária decorrente da COVID-19 evidenciou a necessidade de priorizar o SUS, o que significa reverter o processo de cortes no financiamento e no investimento da saúde; mas principalmente rever o equivocado modelo privatista que vem sendo engendrado por dentro do Sistema. Esse modelo, voltado prioritariamente para as ações especializadas e de alto custo – que mais atende a interesses corporativistas e ao clientelismo daqueles que lucram com a doença do que o bem comum – reforça uma cultura patrimonialista do estado e encontra-se na gênese dos problemas históricos do nosso sistema de saúde.
Sem enfrentar esse modelo, mesmo a retomada de antigos programas ou uma melhoria substancial no financiamento da saúde representará pouco mais do que ações conjunturais que apenas "enxugam o gelo", aliviando momentaneamente as demandas sem, no entanto, modificar aquelas questões estruturais determinantes da crise que é perene e permanente.
Temos insistido na necessidade de priorizar a Atenção Primária em Saúde (APS), diminuindo o nefasto e insustentável processo de privatização do Sistema, substituindo paulatinamente a ênfase na rede privada contratada para a prestação de serviços, pelo investimento na estruturação, reorganização e gestão pública dos serviços de saúde, buscando equacionar definitivamente as carências de gestão e da força de trabalho por intermédio de uma nova política de educação permanente e pela criação da carreira única do SUS.
Defendemos que isso pode ser viabilizado a partir do fortalecimento do Controle Social, onde devem ser debatidas e definidas todas as políticas a serem implementadas.
No campo das políticas intersetoriais reivindicamos como prioritária a adoção de iniciativas que reativem o apoio e financiamento do complexo industrial produtivo da saúde, que fomentem ações de pesquisa, desenvolvimento, inovação e transferência tecnológica que articulem as universidades, os centros de pesquisa, a indústria farmacêutica nacional e a rede de laboratórios oficiais para a produção de insumos, medicamentos e imunizantes estratégicos para o atendimento das nossas necessidades sanitárias.
Especial atenção deve ser dispensada ao potencial tecnológico, social, econômico e ambiental da nossa biodiversidade. Problemas como o crescimento do desmatamento das nossas florestas, a grilagem de terras, a exploração predatória feita pela mineração e pela extração ilegal de madeira, condenam o futuro das próximas gerações de brasileiros e caminham na contramão de um novo paradigma de desenvolvimento, mais sustentável, circular e baseado no aproveitamento dos recursos biológicos.
No que diz respeito às necessidades da população brasileira, incluso aquelas das comunidades integradas aos biomas com extensa cobertura vegetal e grande diversidade biológica, as possibilidades de dotar o país de autonomia na produção de medicamentos, insumos e alimentos são significativas. Um governo comprometido com os interesses do país precisa compreender, ousar e adotar todas as medidas necessárias para a implantação de uma nova matriz econômica que tenha na sustentabilidade e na bioeconomia, os propulsores de um novo modelo de desenvolvimento.
O direito à Assistência Farmacêutica significa pesquisa e desenvolvimento, produção e distribuição de medicamentos e outros insumos para a saúde, seguindo os princípios norteadores da Lei Orgânica de Saúde: a universalidade, equidade, a gratuidade e o caráter público. Neste sentido, defendemos a retomada do Programa Farmácia Popular do Brasil de acordo com esses princípios e fortemente integrada ao SUS, de modo que garanta não somente o acesso aos medicamentos, mas também aos serviços providos pelo profissional farmacêutico.
As farmacêuticas e os farmacêuticos brasileiros podem colaborar significativamente nas ações referentes à Atenção Primária em Saúde, e esperamos que o futuro governo reconheça esse potencial e valorize sua força de trabalho. Para além de médicos, precisamos levar mais saúde para os locais mais vulneráveis e mais carentes de assistência em um país tão imenso e com tantas disparidades.
Finalmente, em um momento crucial da nossa história recente, no qual as forças do obscurantismo ameaçam as instituições democráticas e pretendem aprofundar a desconstrução dos pilares pactuados durante a redemocratização do país, como resultado do dos enfrentamentos e resistências que marcaram a superação dos tempos de arbítrio; as forças democráticas, os trabalhadores e trabalhadoras do campo e das cidades, os intelectuais e estudantes, os movimentos sociais que organizam e representam as lutas da população e dos grupos historicamente marginalizados, são chamados mais uma vez a reagir contra o autoritarismo.
Sob a sombra de um (des)governo que negligenciou a vida em favor da disseminação da desinformação e da morte; que durante a pandemia jogou a saúde da população à própria sorte – o que já custou a vida de mais de meio milhão de pessoas – é fundamental resgatar o que significa eleger um governo que governe pensando no bem comum. Um governo inclusivo que governe para todos e não somente para uma suposta “maioria”. Um governo que existe para cuidar de todos e principalmente daqueles mais desprotegidos. Um governo que coloque as pessoas acima de tudo! Este é o sentido de um governo democrático e não totalitário.
Por isso nós, farmacêuticas, farmacêuticos e estudantes de farmácia, que fazemos parte do contingente dos recursos humanos da área da saúde e que subscrevemos este manifesto, declaramos que não existe democracia sem liberdade, mas não há liberdade sem igualdade e na ausência da inclusão e da justiça social.
Reafirmamos, portanto, o espírito contido no movimento pela reforma sanitária brasileira, expresso na palavra de ordem proferida por Sérgio Arouca e ecoada pelos participantes da abertura da 8a. CNS até os dias atuais: SAÚDE É DEMOCRACIA!
É por este motivo que manifestamos o nosso apoio a LULA e ALCKMIN, EM DEFESA DA DEMOCRACIA, DO SUS E DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA, com a certeza de que, pela força do nosso povo, desta vez a esperança irá vencer o ódio
Assinam:
Aexalgina Tavares Rocha – PE
Alba Lygia Brindeiro Araújo Oliveira – PB
Alcidésia Barbosa de Oliveira Medeiros – PE
Aldira de Medeiros Magalhães – CE
Alessandra Esther de Mendonça – MG
Alessandro Bolis Costa Simas – RJ
Alexandre Correia dos Santos – AL
Alexandre Freire Pinto – MG
Alfredo Dias de Oliveira Filho – SE
Alícia Krüger – PR
Aline de Jesus Santos – SE
Amália Soares Santana – MG
Ana Cláudia Peres Rodrigues – MG
Ana Cristina Lo Prete
Ana Paula Ferreira Silva – GO
Anderson Ribeiro dos Santos – BA
André Nunes Cavalcante – CE
Andrea Cristina Apolinário da Silva – PE
Antônio Carlos Morais – RJ
Arthur Leonardo da Silva – RN
Beatriz de Oliveira Azevedo – PA
Bruna Frota Teixeira – CE
Carlos Adriano Santos Souza – SE
Carlos Henrique de Souza - AP
Carlos José Matos Franco – CE
Catalina Kiss – RJ
Catarine Bezerra Cavalcanti – RJ
Celso Carmo de Jesus – MG
Christianne Maria Nunes Jácome – MG
Clautenes Gomes Rocha – PE
Clovis Macedo Bezerra Filho – PE
Danilo Santos de Sousa – SE
Diana Graziele dos Santos – DF
Diego Fábio Carvalho do Nascimento - RN
Diego Gnatta – RS
Diego Medeiros Guedes – PE
Dimas Felipe de Souza Araújo – PE
Divaldo Pereira de Lyra Jr. – SE
Edson Sidião de Souza Júnior – GO
Eduardo Nazareno Franco Antunes – RJ
Elder Gomes dos Reis – MG
Eliane Aparecida Campesatto – AL
Eliane Maria Nogueira de Paiva Cunha – DF
Elise de Assis Vieira Guimarães – MG
Elizoneth Campo Dallorto Sessa – ES
Elsa Maria Moraes – GO
Emília Vitória da Silva – DF
Ernesto da Rocha Tomé – CE
Expedito Rogildo Cordeiro Carlos – CE
Fábio Basílio – GO
Fabíola Cristiane de Macedo – ES
Fernando Henrique Oliveira de Almeida – SE
Filipe de Sousa Carvalho Moraes – BA
Flauberto do Nascimento Pereira – RN
Flaubertt Santana de Azeredo – GO
Flaviana Alves Barbosa – GO
Flávio Henrique Lago Guimarães – PE
Francilene Amaral da Silva – SE
Francinalda Xavier de Sousa – CE
Francisco Batista Júnior – RN
Francisco Ielano Vasconcelos Mesquita – CE
Frederico Inácio e Silva – GO
Gabriel Rodrigues Martins de Freitas – PB
Gabriela da Silva Goncalves Loures – MG
Gean Lucas de Araújo Alves – MG
Geovanna Cunha Cardoso – SE
Grazielle Massariol Mori – ES
Hélia Márcia Silva Mathias – ES
Heliomar Borralho Miranda – PA
Helvecio Lopes de Faria – MG
Higor José Pinheiro Lopes – RN
Holdack Velôso Gomes Pedroza – PE
Inayanne Praxedes de Abreu – AL
Isabela Heineck – RS
João Victor Gomes de Oliveira – PE
José Carlos Tavares – AP
Júlio Cesar Gomes de Oliveira – PB
Júnia Dark Vieira Lélis Ligório – MG
Karla Deisy Morais Borges - CE
Khelle Karolinna de Souza Marçal – PE
Kleyffson Alves de Miranda – PA
Larissa Silva Silveira – ES
Laura Maria Santos do Nascimento – BA
Leandro de Albuquerque Medeiros – PE
Leonardo Vicente Glazar – ES
Lícia Mendonça de Oliveira – ES
Licínio Andrade Gonçalves – MG
Lisiane da Silveira Ev – MG
Lucas Magno Oliveira Santos
Luciano Barros Costa – PE
Luiz Alberto Lira Soares – PE
Luiz Carlos da Cunha – GO
Malena Gadelha Cavalcante – CE
Manoel Roberto da Cruz Santos – RJ
Márcia dos Angeles Luna Leite – RS
Marco André Tostes Loures Gonçalves – MG
Marcos Valério Santos da Silva – PA
Margareth Lima Marques de Aguiar – ES
Maria Andrea Mendes Formiga Melo – PB
Maria Cláudia Moreira Faria – MG
Maria Fernanda Barros de Oliveira Brandão – BA
Maria Helena Braga – MG
Maria Iracema Rocha de Andrade – CE
Maria José Pieretti – RN
Maria José Sartorio – ES
Maria Luiza Cruz – MA
Maria Maruza Carlesso – ES
Mariana Helena Rodrigues Queiroz – MG
Marta Bruneli Careta – ES
Masurquede de Azevedo Coimbra – RS
Messias Gilmar Menezes – MG
Michelle Silva Nunes - RN
Mônica Helena Santos Sousa – CE
Náila Neves de Jesus – BA
Naomi Kato Simas – RJ
Nayara Costa Cavalcante – SE
Nilia Maria de Brito Lima Prado – BA
Nivaldo Cesar de Souza Júnior – MG
Olívia Lima Rodrigues Santos – MG
Osmundo Santana Filho – MG
Pablo Perez – ES
Pablo Renoir Fernandes de Sousa - RN
Paula Frassinette de Araújo Lima - PE
Pedro Ivo Sebba Ramalho - DF
Phydel Palmeira Carvalho – BA
Ramon Francesco de Araújo Peixoto – MG
Raquel Joane Rodrigues – MG
Ratsa Ferraz Aguiar – MG
Renê Goncalves de Matos – MG
Ricardo Manzi – GO
Ricardo Ribeiro – MG
Rilke Novato Públio – MG
Rita de Cássia Padula Alves Vieira – MG
Rita Maria Magalhães Cunha – MG
Roberto Naves Ferreira – GO
Rogéria de Souza Nunes – SE
Roldão Carvalho – GO
Romy Maressa Lara da Silva – MG
Rosângela Meira – ES
Samira Nadim Abou-Yd – MG
Sandra Neves Santos – MG
Sebastião Fortunato de Faria Filho – MG
Selma Verônica Vieira Ramos – PE
Sérgio Luís Gomes da Silva – PB
Silvia Storpirts – SP
Simone Furtado dos Santos – MG
Simony da Mota Soares – SE
Sirlete Orleti – ES
Sueza Abadia de Souza Oliveira – GO
Tânia Alves Amador – RS
Tânia Maria Lemos Mouço – RJ
Terezinha Noemides Pires Alves – MG
Thais Rolla de Caux – MG
Umberto Pereira Souza Júnior – PE
Valéria Silva Dibo – MG
Vanessa Monteiro de Melo Souza – MG
Vânia dos Santos - SP
Veridiana Ribeiro da Silva – PE
Verônica Almeida Santos – BA
Vinícius Narciso Santos – BA
Vinicius Nunes Carvalho – BA
Wagner Luiz Ramos Barbosa – PA
Walter Almeida da Rocha Neto – CE
Wellington Barros da Silva – SE
Wilds Moreira Avelino – MG